Ascensorismo
I
A cabeça pesa
De pesos e contrapesos sobe e desce o elevador
Elevo-me no céu do nono andar
Mas a gravidade chama minhas entranhas
Além do teto quero levitar
Minha tripa dá um nó e se emaranha
Vou compartilhar dos vermes os demônios
Na caganeira minha vou morar
Assumir as dores e desejos inidôneos
Toda bioquímica vomitar
II
Lavar-me sem contaminação pública
É impossível
Meus dejetos, se libertos, vão fugir
Seu fedor será tão forte, um rio tamanho
Que apodrecida a Pólis vai dormir
Pra talvez amanhecer num novo esterco
Enxerto de existência do porvir
Talvez criar as bases de uma escola
Que trará por seu projeto o ruir
III
Tesouros do planeta. Atol de sapos
Assoreados plantam saravás
Seres do amanhã recolhem cacos
Em bricolagem nascem baobás
Parasitários ciclos caraíbas
Supositórios vícios paraguaios
Infinitos versos sem chegada
A Sacra morte hoje não virá
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em sampa, pompéia, 03 de março de 2009