Esquerdo
O que me contam suas espinhas?
Quantas espinhas eu conto?
Muitas mais que 300 mililitros de silicone.
Muito mais que um holofote, um espelho
De derrotas, vitórias, de desejos.
O que me conta sua voz rouca,
A sair fragmentada de tão bela boca?
Conta mais que milhões de frases feitas,
Muito mais que um discurso bonito,
Um canto, dor, aflito.
O que me contam suas estrias?
Marcas da vida, que não é fria.
Então,
De que me vale um violão,
Se não tenho cordas?
Pra que eu quero
Uma vaca suculenta e boa
Se ela não se doa?
O que difere: carne a mais, carne a menos?
Nesse açougue cruel, não amamos,
Sobrevivemos.
A quitanda da avenida ao amarelo manga não se limita.
Temos pepinos, abacaxis, maçãs e sutiãs
E bananas, de todas as variedades.
Mesmo aquela goiaba com bicho
Sacia por completo meu corpo.
Que tem fome,
De bicho.
Meu pinto murcho tem mais prazer pra contar
Do que a máquina humana pornô de dar e trepar
Quando as luzes se apagam, e a passarela se desfaz,
Sobramos nós, fracos, porém intensos,
E inteiros, quiçá.
Namorando as cicatrizes e queimaduras,
Os vazios e as fissuras,
Encontrando na beleza das pessoas comuns,
A beleza real.
01/04/2007
Quantas espinhas eu conto?
Muitas mais que 300 mililitros de silicone.
Muito mais que um holofote, um espelho
De derrotas, vitórias, de desejos.
O que me conta sua voz rouca,
A sair fragmentada de tão bela boca?
Conta mais que milhões de frases feitas,
Muito mais que um discurso bonito,
Um canto, dor, aflito.
O que me contam suas estrias?
Marcas da vida, que não é fria.
Então,
De que me vale um violão,
Se não tenho cordas?
Pra que eu quero
Uma vaca suculenta e boa
Se ela não se doa?
O que difere: carne a mais, carne a menos?
Nesse açougue cruel, não amamos,
Sobrevivemos.
A quitanda da avenida ao amarelo manga não se limita.
Temos pepinos, abacaxis, maçãs e sutiãs
E bananas, de todas as variedades.
Mesmo aquela goiaba com bicho
Sacia por completo meu corpo.
Que tem fome,
De bicho.
Meu pinto murcho tem mais prazer pra contar
Do que a máquina humana pornô de dar e trepar
Quando as luzes se apagam, e a passarela se desfaz,
Sobramos nós, fracos, porém intensos,
E inteiros, quiçá.
Namorando as cicatrizes e queimaduras,
Os vazios e as fissuras,
Encontrando na beleza das pessoas comuns,
A beleza real.
01/04/2007