Mera Existência Média

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Sunday, September 07, 2008

Quinze minutos na Celso Garcia

Roda nego, pula a corda
Deixa a corda te pular
Olha o carro, sai da rua
Vem logo pra favela

Passa a mão a nuca, velho
Deixa a noite carinhar
A calçada é fria, é suja.
Bem-vindo a minha casa
Gira a mente, gira o sonho
Essa pedra ta foda.
Passa logo, passa nunca
Passarinho do luar

Pára de me ver
Como um ser
Fadado a sofrer
De tentar compreender

Quanto à minha opção
Quanto é minha opção

Vende a alma à passarela
De onde o rio vai se avistar
Joga o barco flutuando
Pela espuma até o mar

A canção ciclando a idéia
O próprio rabo a devorar

O respiro te serena
O devir de outra cena
Te leva

Aonde?

Agosto de 2008

Sufi in the city

Amigos ide, pescai
Que as dores não, não doem mais

Amigos ide, pescai
Que as dores não, não doem mais

Ide ouvir Tamanduateí
Ide ver as gaivotas

Então cantar o que há de vivo em si
Então dançar a Ciranda de Gaia

Desfila, desliza, voa baixo,
Baixo à vista

Entoa, respira
O ar da noite, a paz, a brisa

Deixe malabarizar
Frente à avenida

Vem mistério iluminar
Trás das Avenidas

O morcego enxergou
O que há sob o véu de asfalto
E o anjo já plantou
Flores sobre o manto cinza
Flores sobre o manto cinza
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Estamos aqui Sobre o Rio Tamanduateí
Vide as almas passadas
Vide as terras reviradas
Protejei-vos do vento
Clamais os índios dizimados
Senti-vos no centro da civilização

Mantendo as costas escoradas no progresso
E, por isso, daqui elas sairão sujas, maculadas

Não há completude
Onde só há concreto

Setembro de 2008